Ensino em Portugal – Simples e Útil

A partir deste twit do Vasco Campilho cheguei a um posto do Ricardo Raimundo chamado Sem bolsa de estudo – Adeus ensino superior. O Ricardo, como muitas pessoas inteligentes no interior do nosso país gostaria de estudar, nem que para isso tivesse que trabalhar. Mas não é fácil. E há muitas coisas simples de alterar, que dependem umas da vontade do Governo e das próprias universidade que podiam ajudar a tornar a vida de milhares de pessoas tão mais simples, se alguém tivesse interesse nisso. Aqui ficam algumas:

  1. Propinas por cadeira: actualmente, especialmente nas universidades públicas, as propinas são pagas por ano, e não interessa nada o número de cadeiras em que aluno está inscrito. Isto é completamente inaceitável, especialmente para os trabalhores-estudantes, que gostariam de melhorar os seus conhecimentos e as suas habilitações (ou ao contrário), mas que não têm a disponibilidade para o fazer a tempo inteiro. O pagamento de propinas por cadeira e não por ano permitiria a pessoas como o Ricardo ir fazendo os seus cursos duas ou três cadeiras por semestre, com um custo mais razoável, e com um empenho que um emprego adicional lhe deixa.
  2. Horários: Eu tenho esperança que nem todas as faculdades sejam assim, mas aquelas que conheço cada cadeira tem um horário, e quem quizer frequenta a cadeira nesse horário. Mesmo quando existem dois horários distintos para a mesma cadeira, porque os alunos são demasiados para terem todos a aula juntos (o que normalmente não acontece, apenas se muda a cadeira para um auditório maior – e existe quase sempre um), esses horários são consecutivos – das 8h às 9h30 e das 9h30 às 11h ou algo que se pareça. Isto significa que quem não pode ir a um horário porque está a trabalhar, também não pode ir ao outro porque também acontece durante o mesmo turno laboral. São raras as cadeiras na faculdade que não tenham alunos suficientes para encherem duas salas de aulas razoáveis (20-30 alunos), e colocar um desses horários durante a manhã de um dia e o outro durante a tarde de um dia (de preferência differente) permitiria que a maioria das pessoas conseguisse encontrar um horário em que conseguiria frequentar as aulas das cadeiras em que está inscrito. Também permiria que cada alunos pudesse escolher entre agrupar as suas aulas ou espalhá-las – para mim seria mais produtivo ir para a biblioteca depois de cada aulas rever a matérias e tentar esclarecer as dúvidas que me tivessem surgido do que levar com mais uma aula de copia de livros não publicados logo a seguir.
  3. Frequência e Exames: Durante o meu tempo académico sempre houve uma coisa que me fez alguma confusão. A chamada “Frequência”… Eu tive cadeira em que era condição sine qua none para fazer a frequência da cadeira, frequentar as aulas – com limite de faltas e tudo. E as aulas consistiam na copia de livros não publicados – O professor passava o livro, ainda no estado de manuscrito, para o quadro, e cada aluno copiava do quadro para o seu próprio caderno – que nem sequer era obrigatória – copiava quem queria, mas a maioria fazia-o muito afincadamente. Não sei bem porquê, mas isto nunca funcionou para mim. Mas mais do que isso, porque é que a actividade de copiar o livro que o professor não consegue publicar – provavelmente porque nunca o acabou, o que explica que a maioria das vezes a matéria não seja dada até ao fim – dá direito a uma oportunidade extra de passar à cadeira? Fazer uma cadeira por frequência não implica fazer trabalhos? As frequências não deveriam ser mais e com menos matéria?
  4. Horários Nocturno: houve um tempo em que as faculdade públicas tinhas cursos em horário nocturno. Quantos há hoje? Porquê? Tanto quanto consigo perceber, mesmo os poucos cursos que ainda existem em horário nocturno, espera-se que alunos que trabalham, muitas vezes a tempo, tenham capacidade para fazer o mesmo número de cadeiras que alunos cuja única activadade é estudar. Como? Mais uma vez, aqui, permitir a inscrição no número de cadeira que se pretende, e o pagamento de propinas por cadeira permitiria a muito mais pessoas fazer o seu curso aos poucos, e mantendo um nível elevados de motivação – é mais facil continuar a fazer o esforço extraordinário que implica estudar e trabalhar se no final do ano se olhar para tráz e se puder dizer “Fiz as três cadeiras em que estava inscrito! :-)” do que “Este ano chumbei, das dez cadeiras em que estava inscrito só consegui fazer três! :-(“. E o resultado foi o mesmo!

E há certamente muitas outras coisas. Querem acrescentar alguma?

Leave a comment

Your comment