Imposto sobre o papel
Antes de começar gostaria de dizer que aumentar os imposto, e especialmente criar novos imposto não é algo que eu tome de animo leve. Pelo contrário, acredito que os impostos, não podendo ser reduzidos devem ser distribuidos mais adequadamente. Mas sobre isso já vos falei antes sob o titulo Tributar o lucro.
No entanto, acho que nalguns casos os impostos podem ser um mal necessário, um mal menor para cada cidadão, e deles resultar um bem maior. E, não sendo a favor de imposto de forma descontrolada, acho que nalguns casos os impostos podem ser o meio adequado para atigir um fim.
E neste caso o fim seria o desenvolvimento tecnologico com o objectivo de substituir o papel por equipamento electrónico igualmente funcional e adequado à vista.
A ideia base é a de criar um imposto sobre o papel (digamos 5% sobre o preço de qualoquer coisa feita com papel, incluindo embalagens, papel em branco, revistas, livros, tudo), e que deverá ser completamente direccionado para a investigação e desenvolvimento de tecnologias abertas (à sociedade que participa nessa investigação)
A pergunta obvia é o que temos a ganhar com isto? Bem, antes de mais temos as questões ambientais. A industria do papel é uma das mais poluentes. Esta é, há que admiti-lo, uma industria que se esforça, normalmente, por contríbuir para a replantanção das matas que são responsáveis por aniquilar, e há que admitir, as suas matas são das mais limpas que podemos encontrar. Mas é ainda assim, uma industria que polui bastante, e em cuja necessidade não acredito realmente.
Os grandes clássicos são bonitos para ter nas prateleiras, mas já nunca esteve realmente na moda andar com um calhamaço (ainda lhe chamamos isso, não chamamos?) debaixo do braço, e hoje isso é cada vez menos verdade.
Mas não é só o facto de não estarem na moda, ou a poluição que a sua produção implica que faz dos livros em papel um alvo a abater. Sendo um objecto fisico, há varios custos indissociáveis da sua produção e distribuição.
Se os livros fossem distribuidos em formato digital, o custo resultante da produção do papel, da impressão dos livros e a grande maioria dos custos de distribuição deixariam de existir. Ainda continuaria a haver custos com a produção dos livros. Em primeiro lugar há que recompensar os autores, e que pagar os trabalhos de revisão e edição. Admito até que se pague uma pequena margem pela distribuição, afinal de contas, ela tem um custo. Cada vez menos nesta era digital. Mas com os livros digitais, os custos poderiam ficar por aqui.
Mas, se isto é verdade para a generalidade dos livros, é especialmente verdade para os livros educacionais, especialmente para aqueles porque todos nós aprendemos o b-á-bá da nossa formação. Se os livros utilizados no nosso ensino fossem distribuidos em formato digital, o estado poderia muito mais facilmente pagar aos autores, revisores e editores, com um custo bastante menos do que o valor actualmente pago apenas pelos livros dos alunos com especiais dificuldades financeiras, os alunos de “Escalão A”, a quem é reenbolsado o valor total dos livros. E, no inicio de cada ano escolar os pais simplesmente iriam ao site do ministério da educação fazer os download de todos os livros que os seus filhos iriam necessitar durante esse ano escolar. Ou, alternativamente, os professores distribuiriam esses livros nas primeiras aulas.
Mas o custo de produção e distribuição não são a única vantagem dos livros pedagógicos em formato digital. Já todos encontramos livros com erros, muitas vezes encontrados depois de impressos os livros, e por isso não é incomum livros escolares trazerem erratas associadas, e ainda assim continuarem a ter erros que apenas vão sendo detectados ao longo do ano, à medida que professores e alunos vão tentando resolver problemas sem conseguir chegar ao resultados pretendido até que se apercebem do sinal trocado, ou do verbo mal conjugado. Com os livros em formato digital, distribuir uma versão actualizada do livro tem um custo muito baixo, não implica andar com camiões de papel de um lado para o outro.
Mas, que precisamos então para tornar realidade este tipo de tecnologia? Que é preciso para criar algo que nos permita informatizar o nosso ensino, a distribuição de revistas e livros? Qual é o nosso ponto de partida?
Bem, hoje já temos ebook readers bantante aceitáveis. Mas não o suficiente, penso eu. A tecnologia e-ink (ou e-paper) já são mais amigas dos olhos e têm um consumo muito baixo de energia, o que faz desdes leitores um ponto de partida já muito interessante. Mas a maioria destes dispositivos tem 8 a 16 tons de cinza, e nenhum dispositivo com estas tecnologias suporta cores. Esta está longe de ser a solução ideal. Estes dispositivos são já razoavelmente resistentes, mas nenhum dos actualmente disponíveis é modelar.
Assim, penso, precisamos de criar alguns padrões. Penso que é necessário criar tamanhos padrão, por forma a tornar mais simples criar conteúdos que fiquem agradáveis nesses tamanhos. Especialmente, penso que é necessário criar tamanhos que sejam proporcionais de forma inteligente. Penso que vamos precisar de 3 tamanhos de dispositivos, cada um deles com displays próximos do dobro do anterior. O menos destes tamanho seria um dispositivo de bolso, algo próximo do A6 (ou tamanho similar), o dispositivo seguinte de mão, algo que se transportaria fácilmente numa mochila ou numa mala de senhora, próximo do A5 e o último um dispositivo para ter em casa, próximo do A4.
Não sendo importante o tamanho exacto selecionado, cada um dos tamanhos deverá ter a mesma altura que o dispositivo imediatamente acima teria de largura, por forma a permitir ler com o dispositivo deitado os conteúdos produzidos para o formato superior em tamanho natural. Os conteúdos produzidos para o formato inferior poderiam ser lidos duas páginas de cada vez. Este passo é importante para tornar mais simples a produção de conteúdos. Eu sei que hoje a questão do DRM ainda é importante, mas penso que este é, da prespectiva da sociedade contra-produtivo, pois torna muito díficil a aquisição e selecção de conteúdos. Cada editor apenas produz conteúdos num dos vários formatos,e cada leitor suporta um formato diferentes. Não há forma de dar a volta a esta questão e, penso, a melhor forma de terminar com esta questão é forçar todos os dispositivos a suportar pelo menos um dos formatos abertos mais relevantes (neste momento penso que o PDF seria a escolha certa).
E, claro, suportar este formato nativamente, sem programas de compressão ou truques.
E, para terminar, os leitores electrónicos deveriam permitir a partilha de livros directamente. Sim, claro, os autores e editores que decidirem publicar os seus livros em formatos fechados, estão no seu direito (por enquanto), mas quando os livros são disponibilizados num formato aberto, e principalmente quando a sua distribuição é expressamente permitada pelos autores, porque não poderá a cópia de livros ser feita directamente entre dois leitores, independentemente da sua marca? Existem diversas tecnologias que permite isto, como o wifi ou o bluetooth, e que podem ser fácilmente activadas ou desactivadas. Porque não implementam todos os leitores estas tecnologias e criam um protocolo comum a todos eles para a troca de livros?